Erros comuns em reformas e construções e como evitá-los

Construir ou reformar é um sonho para muitos, um investimento de tempo, dinheiro e expectativas, seja para ampliar um lar, modernizar um espaço comercial ou construir a casa dos sonhos do zero. No entanto, a jornada de transformar um espaço pode ser repleta de armadilhas. 

Não é raro ouvir histórias de orçamentos estourados, prazos não cumpridos, materiais inadequados e resultados que ficam aquém do esperado. A verdade é que, mesmo com as melhores intenções, erros comuns em reformas e construções podem surgir, transformando o sonho em um pesadelo.

Mas a boa notícia é que a grande maioria desses problemas pode ser evitada com um bom planejamento e conhecimento. Continue a leitura e descubra como garantir uma obra bem planejada do início ao fim.

Planejamento: a raiz de todos os problemas

O erro mais comum e abrangente em qualquer projeto de construção ou reforma é, sem dúvida, a ausência de um planejamento robusto e minucioso. 

Muitas pessoas pulam essa etapa, acreditando que a obra “se resolve” no caminho, ou subestimando a complexidade envolvida. 

O resultado? Um efeito cascata de problemas, do orçamento aos prazos, da escolha dos fornecedores para construção aos materiais de qualidade.

Projeto incompleto ou inadequado

Um projeto arquitetônico e de engenharia detalhado é o mapa da sua obra. Ele deve incluir plantas baixas, cortes, elevações, detalhes construtivos, especificações de materiais de qualidade, pontos elétricos e hidráulicos etc. 

Se o projeto não especifica claramente essas informações, os profissionais no canteiro de obras terão que tomar decisões por conta própria, o que pode levar a erros e retrabalhos. 

Outro ponto importante é a funcionalidade. Às vezes, o projeto é bonito no papel, mas não funciona na prática. A disposição dos cômodos, a iluminação natural, a ventilação e a acessibilidade são elementos que devem ser considerados desde o início. 

Além disso, ainda há a parte das normas técnicas. A construção civil é regida por diversas normas de segurança e desempenho. Ignorá-las pode gerar multas, problemas estruturais e até acidentes.

Um projeto malfeito ou incompleto é um convite para problemas. 

Como evitar:

• – Contrate profissionais qualificados: invista em arquitetos e engenheiros com experiência. Eles traduzirão suas ideias em um projeto técnico e viável, considerando aspectos como funcionalidade, estética, estrutura e legislação.
• – Seja detalhista nas discussões: antes mesmo do projeto final, tenha conversas aprofundadas com seus profissionais. Exponha suas necessidades, desejos, rotina, e como você imagina o uso do espaço. Quanto mais informações eles tiverem, mais preciso será o projeto.
• – Revise e aprove rigorosamente: não hesite em pedir revisões. Certifique-se de que cada detalhe do projeto esteja alinhado com suas expectativas antes de dar o sinal verde. Pequenas mudanças no papel são muito mais baratas do que grandes alterações na obra.

Orçamento subestimado e imprevistos financeiros

Um dos maiores calcanhares de Aquiles de qualquer obra é o estouro do orçamento. 

Isso geralmente acontece porque o planejamento financeiro inicial é otimista demais, ou foi feito às pressas, ou mesmo não contempla todas as variáveis e possíveis contratempos.

Imprevistos acontecem. Problemas estruturais ocultos, variações nos preços dos materiais de qualidade, ou a necessidade de retrabalho podem surgir. Um orçamento que não prevê esses fatores está fadado ao fracasso.

Como evitar:

• – Faça um orçamento detalhado: peça orçamentos discriminados por etapa, material e mão de obra. Inclua custos com licenças, taxas, projetos, e até mesmo a limpeza pós-obra.
• – Crie uma margem para imprevistos: a regra de ouro é reservar de 10% a 20% do valor total do orçamento para gastos não previstos. Isso pode cobrir desde um material que precise ser substituído até a descoberta de um problema estrutural não mapeado.
• – Pesquise preços e qualidade: antes de fechar com fornecedores para construção, pesquise e compare preços e a reputação. Lembre-se que o mais barato nem sempre é o melhor, especialmente quando se trata de materiais de qualidade.
• – Acompanhe os gastos constantemente: tenha um controle rigoroso de todas as entradas e saídas. Compare o que foi gasto com o que foi orçado e ajuste o plano se necessário.

Cronograma irrealista

A falta de um cronograma realista ou de um acompanhamento eficaz é um dos tropeços mais comuns.

Cada etapa da obra tem um tempo mínimo de execução. Tentativas de acelerar processos sem planejamento adequado podem comprometer a qualidade.

Chuvas, atrasos na entrega de materiais e problemas com mão de obra, também podem impactar o cronograma. 

Obras atrasadas geram frustração, custos adicionais (aluguel de outro imóvel, por exemplo) e estresse. 

Como evitar:

• – Elabore um cronograma realista: com a ajuda do seu profissional, estabeleça um cronograma com datas de início e fim para cada etapa da obra (demolição, fundação, alvenaria, instalações, acabamentos etc.). Considere feriados, chuvas e outros fatores que podem impactar o andamento.
• – Defina marcos e responsabilidades: determine quem é responsável por cada etapa e quais são os marcos de conclusão. Isso ajuda a acompanhar o progresso e identificar gargalos.
• – Reuniões periódicas: mantenha reuniões regulares com a equipe da obra para discutir o andamento, resolver problemas e ajustar o cronograma se necessário.
• – Seja flexível (mas com limites): imprevistos acontecem. Esteja preparado para pequenas variações, mas não permita que a obra se arraste indefinidamente sem um motivo justo.

Escolhas de mão de obra, materiais e fornecedores

A qualidade de uma obra está diretamente ligada à qualidade dos fornecedores para construção e dos materiais de qualidade utilizados. 

Economizar nessas áreas pode parecer uma vantagem no curto prazo, mas quase sempre resulta em dores de cabeça e custos maiores no futuro.

Contratação de profissionais não qualificados

A tentação de economizar na mão de obra é grande, mas pode ser o erro mais caro de todos.

Contratar profissionais sem experiência ou referências pode resultar em trabalhos mal executados, desperdício de materiais e a necessidade de refazer o serviço.

Sem um contrato claro, as responsabilidades e prazos ficam nebulosos, abrindo margem para desentendimentos e problemas legais.

Além disso, se você contratar diferentes equipes para diferentes etapas (pedreiro, eletricista, encanador), a falta de coordenação entre eles pode gerar conflitos e, consequentemente, mais atrasos.

Como evitar:

• – Peça recomendações e referências: converse com amigos, familiares ou profissionais da área que já realizaram obras. Peça para visitar obras anteriores da equipe ou do empreiteiro.
• – Verifique o portfólio: analise projetos já realizados pela equipe. Isso te dará uma ideia da qualidade do trabalho.
• – Contrato bem definido: formalize tudo em um contrato detalhado que inclua escopo do trabalho, prazos, formas de pagamento, responsabilidades, e o que acontece em caso de atrasos ou problemas.
• – Supervisão profissional: mesmo com uma boa equipe, a supervisão de um arquiteto ou engenheiro é fundamental para garantir que o trabalho seja executado de acordo com o projeto e as normas técnicas.
  

  Dê preferência à contratação de mão de obra especializada.

Escolha de materiais de baixa qualidade

A tentação de economizar comprando materiais de qualidade inferior é recorrente, porém materiais baratos podem se deteriorar rapidamente, exigir manutenção constante ou até mesmo comprometer a segurança da edificação, especialmente em componentes como fiação elétrica, tubulações e elementos estruturais.

O clichê é válido para toda obra: o barato pode sair muito caro quando se trata da qualidade de materiais. 

Como evitar:

• – Priorize qualidade e durabilidade: para elementos estruturais, hidráulicos, elétricos e de impermeabilização, a qualidade é inegociável. Para acabamentos, avalie o custo-benefício.
• – Pesquise e compare marcas: informe-se sobre as melhores marcas e tipos de materiais para cada finalidade. Peça a opinião dos seus profissionais.
• – Exija nota fiscal e garantia: isso garante que você está comprando produtos de origem legal e com a devida garantia do fabricante.
• – Armazenamento adequado: certifique-se de que os materiais sejam armazenados corretamente no canteiro de obras para evitar danos.

Desconhecimento de bons fornecedores

A escolha dos fornecedores para construção também vai além dos valores, já que eles são parte integrante da cadeia de produção da sua obra. 

Fornecedores pouco confiáveis podem atrasar a entrega de materiais, paralisando a obra e gerando custos adicionais com mão de obra parada.

E mesmo em fornecedores renomados, é importante verificar a qualidade dos materiais no momento da entrega, pois podem ocorrer avarias no transporte ou problemas no lote.

Uma escolha boa pode transformar uma simples transação comercial em uma parceria estratégica. Em contraponto, uma escolha ruim pode causar prejuízos em todas as etapas. 

Como evitar: 

• – Pesquise a reputação: verifique suas avaliações online, peça referências a outros profissionais da área ou a pessoas que já construíram e/ou reformaram.
• – Prazos de entrega e condições de pagamento: verifique antes de fechar qualquer negócio. Peça um compromisso formalizado no pedido ou contrato.
• – Mantenha uma boa comunicação: é importante ter um bom relacionamento com seus fornecedores. Seja claro sobre suas necessidades, prazos e expectativas.
• – Conferência de materiais: verifique a quantidade, a qualidade e se há algum dano aparente, de preferência no ato da entrega, e registre qualquer irregularidade.

Desafios no canteiro de obra

Mesmo com um planejamento impecável e as escolhas certas de profissionais, materiais de qualidade e fornecedores, a fase de execução da obra pode apresentar obstáculos inesperados.

É no canteiro que a teoria encontra a prática, e é comum que surjam imprevistos, desafios de comunicação ou desvios do plano original, como já mencionado acima.

Falta de acompanhamento técnico e fiscalização

Deixar a obra “tocando” sem supervisão é um belo convite para problemas! 

Sem fiscalização, a equipe pode se desviar do projeto, seja por interpretação errada ou por buscar atalhos.

E a ausência de uma fiscalização eficiente pode resultar não apenas em desperdícios e atrasos, mas também no descumprimento das normas de segurança do trabalho, colocando em risco a vida dos trabalhadores.

Como evitar:

• – Contrate um arquiteto ou engenheiro: este profissional será seus olhos no canteiro, garantindo que tudo seja executado conforme o projeto e as normas.
• – Realize visitas regulares: vá frequentemente ao canteiro e verifique o andamento dos trabalhos, a qualidade dos serviços e se o que está sendo feito corresponde ao que foi planejado.
• – Mantenha a comunicação constante e transparente: crie um canal aberto com a equipe para dúvidas, sugestões e para discutir eventuais problemas que surjam.
• – Exija relatórios de avanço da obra: peça que o responsável pela execução forneça atualizações periódicas sobre o progresso e os desafios encontrados.

Não gerenciar os resíduos

O descarte inadequado de entulho em locais impróprios além de ser um problema ambiental, pela contaminação do solo e da água, também pode gerar multas e, no futuro, a necessidade de contratar empresas especializadas para a remoção, a um custo mais alto.

Como evitar:

• – Planeje o descarte de resíduos: preferencialmente desde o início da obra, calcule a quantidade aproximada de entulho e inclua os custos de descarte no seu orçamento.
• – Contrate caçambas e empresas de descarte licenciadas: verifique se a empresa possui todas as licenças ambientais e se o destino final dos resíduos é adequado.
• – Possibilidade de reciclagem: entulho de concreto, madeira, metal e plástico podem ser separados e destinados a pontos de coleta específicos, reduzindo o volume de lixo.
• – Separação dos resíduos no canteiro: se possível, oriente a equipe a separar os diferentes tipos de materiais para facilitar o descarte correto e a reciclagem.

Negligência com a estrutura

A estrutura de uma edificação e seus sistemas de cobertura são elementos cruciais para a segurança e durabilidade. 

Ignorar a importância desses componentes ou fazer escolhas inadequadas pode ter consequências graves.

Não avaliar a estrutura existente

Nos casos de reformas, é comum que as pessoas queiram demolir paredes ou abrir vãos sem antes verificar se são paredes estruturais ou se a estrutura existente suportará as novas cargas.

Como evitar:

• – Análise estrutural por especialista: antes de qualquer intervenção, contrate um engenheiro estrutural para avaliar a estrutura existente. Ele indicará o que pode ser removido ou alterado com segurança.
• – Reforços necessários: se houver necessidade de remover paredes estruturais, o engenheiro indicará os reforços necessários (vigas, pilares, etc.) para garantir a estabilidade.

Escolha inadequada dos sistemas construtivos

A escolha do sistema construtivo tem impacto direto na velocidade da obra, custo, durabilidade e desempenho térmico/acústico. 

Limitar-se apenas à alvenaria tradicional pode ser um erro, especialmente em tempos de avanço tecnológico.

Como evitar:

• – Conheça as opções: informe-se sobre os diferentes sistemas construtivos disponíveis no mercado, como alvenaria convencional, concreto armado, estruturas metálicas e, claro, a construção a seco (Light Steel Frame).
• – Avalie as necessidades do projeto: cada sistema tem suas vantagens e desvantagens. Analise qual se adapta melhor ao seu projeto, levando em conta fatores como prazo, orçamento, localização, tipo de solo e desempenho desejado.
  

  Construção em Steel Frame.

Problemas com sistemas de cobertura e impermeabilização

Vazamentos, infiltrações e problemas na cobertura são fontes frequentes de dor de cabeça e prejuízo, comprometendo a estrutura e o acabamento da edificação.

Como evitar:

• – Projeto de telhado adequado: o projeto deve considerar o tipo de telha, inclinação, ventilação e drenagem para a região.
• – Materiais de impermeabilização de qualidade: não economize em mantas asfálticas, argamassas poliméricas e outros produtos de impermeabilização para lajes, banheiros e áreas molhadas.
• – Mão de obra especializada: A aplicação de sistemas de impermeabilização e a instalação de sistemas de cobertura exigem conhecimento técnico e experiência para garantir a eficácia.
• – Inspeção periódica: faça inspeções regulares no telhado e nas áreas molhadas para identificar e corrigir problemas antes que se tornem graves.

Documentação e licenças

Por fim, não negligencie a parte burocrática! A falta de licenças e alvarás pode acarretar multas e paralisação da obra.

Como evitar:

• – Consulte a prefeitura: verifique quais licenças e alvarás são necessários para sua reforma ou construção.
• – Profissional responsável: certifique-se de que o projeto esteja assinado por um profissional habilitado (arquiteto ou engenheiro) e que ele tenha o Registro de Responsabilidade Técnica (RRT) ou Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).
• – Guarde os documentos: mantenha todos os projetos, contratos, licenças, notas fiscais e comprovantes em um local seguro.

Vantagens da construção a seco

A construção a seco tem se mostrado uma alternativa cada vez mais vantajosa para quem busca minimizar os erros comuns em reformas e construções. 

Esse método, que engloba tecnologias como o Light Steel Frame, oferece uma série de benefícios que impactam diretamente a qualidade e a eficiência da obra.

Como a construção a seco ajuda a evitar erros comuns

• – Redução de resíduos: a construção a seco gera até 80% menos resíduos em comparação com a alvenaria, minimizando os problemas com descarte e o impacto ambiental.
• – Rapidez na execução: a montagem dos painéis e estruturas é muito mais rápida, reduzindo o tempo de obra e, consequentemente, os custos com mão de obra e aluguel de equipamentos. Isso ajuda a manter o cronograma mais ajustado.
• – Controle de custos: por ser um sistema mais industrializado e com menor geração de resíduos, o controle dos materiais é mais preciso, resultando em menor desperdício e, consequentemente, em um orçamento mais previsível.
• – Qualidade e durabilidade: os materiais utilizados na construção a seco são industrializados e padronizados, garantindo alta qualidade e durabilidade. O aço galvanizado é resistente à corrosão e os sistemas são projetados para suportar diversas condições climáticas.
• – Eficiência térmica e acústica: os sistemas de paredes e coberturas em construção a seco permitem a inserção de isolantes térmicos e acústicos de alta performance, proporcionando maior conforto e economia de energia.
• – Flexibilidade no projeto: a leveza e a facilidade de manuseio dos materiais permitem maior liberdade arquitetônica e a possibilidade de futuras modificações sem grandes reformas.
• – Sustentabilidade: além da redução de resíduos, a construção a seco utiliza materiais recicláveis e recicláveis, contribuindo para uma obra mais sustentável.
• – Minimiza problemas com umidade: por ser um sistema a seco, evita-se problemas comuns da alvenaria como umidade ascendente e eflorescência, reduzindo a chance de mofo e outros danos.

Conclusão

Evitar os erros comuns em reformas e construções não é um bicho de sete cabeças, mas exige dedicação, pesquisa e, acima de tudo, um planejamento.

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